Redes sociais e privacidade em The Economist

A revista The Economist  publica esta semana caderno especial sobre redes sociais. Um dos destaques é o papel da privacidade em sua proposta: a revista identifica a existência de uma tensão entre a necessidade de oferecer aos seus usuários maior controle sobre a exposição de seus dados e o fato de que a eventual diminuição do tráfego de informações pessoais, causada por tais controles, diminuiria a possibilidade de lucro com a utilização de tais informações.

Esta tensão é o pano de fundo das discussões que envolvem a privacidade nas redes sociais desde o seu início. Neste sentido, conforme Marc Zuckerberg, CEO da Facebook, algumas das suas mais recentes iniciativas do site em tornar compulsória a exposição a terceiros de certos dados pessoais que antes poderiam ser reservados seria uma mera “adaptação” das suas políticas de privacidade às novas “regras sociais”, induzidas pelas próprias redes sociais. Não convencidos pelo discurso que evoca tais novas “regras sociais”, diversas entidades estão agindo contra o unilateralismo destas recentes decisões.

Facebook anuncia que redimensionará sua política de privacidade

O site de relacionamento Facebook, líder no mundo em seu setor e cuja presença no Brasil vem aumentando sensivelmente nos últimos anos, enfim anunciou que pretende mudar algumas de suas práticas referentes à utilização de dados pessoais de seus usuários.

Estes usuários, cujos dados antes eram considerados pela empresa, de forma um pouco bizarra, como de sua propriedade, deverão ter à disposição mais instrumentos para controlar a forma com que serão expostos. Louve-se por tal mudança a iniciativa do Comissário para a Privacidade do Canadá, que recetemente chamou a atenção para o fato de que o tratamento pelo site dos dados de seus usuários era ilegal de acordo com a lei canadense.

Em seu blog, David M. Wood notou, ironicamente, que finalmente o Facebook será obrigado a crescer, graças à iniciativa canadense, além de notar que tal iniciativa prosperou ante a inércia dos reguladores do país onde o site está sediado (Estados Unidos), bem como do países da União Européia.

A referida mudanca na política de privacidade fará efeito não somente para os canadenses, porém para qualquer usuário do site. Trata-se de um interessante exemplo de uma empresa transnacional que, por motivos operacionais, prefere optar por um padrão mais forte de proteção de dados do que por um padrão débil, graças à ação de reguladores individuais, em uma tendênca que autores como Colin Bennett vislumbraram como a uniformização de regras de proteção de dados em níveis mais altos ao invés de um patamar genérico mais fraco.

via [PC World] e [Consumerist]